História

Desde épocas muito remotas que o Pinhal Novo é um local de passagem. Esta característica deve-se ao facto de ser ponto de passagem de diversas rotas, a Estrada dos Espanhóis, rota dos Círios da Atalaia, o caminho-de-ferro e, recentemente, das estradas. A estes há que acrescentar os ca­minhos e aceiros que percorrem a freguesia.
A história da formação da freguesia tem de buscar-se no ano de 1833, altura em que estaria fundado o Círio da Carregueira, que constitui, muito provavelmente, a mais antiga manifestação de organização em Pinhal Novo.
Em 1856 começam as obras do caminho-de-ferro e, no ano seguinte, teve o seu início o Círio dos Olhos de Água.
A inauguração oficial das linhas do cami­nho-de-ferro, de Barreiro a Vendas Novas e Pinhal Novo a Setúbal, dá-se a 1 de Feve­reiro de 1861.
Deve datar desta época o nome Pinhal Novo, o local, anteriormente, era designado Lagoa da Palha. A primeira referência escrita ao nome Pinhal Novo é de 27 de Março de 1859, numa notícia publicada no jornal “O Cisne do Sado”.
O primeiro acto público verdadeiramente im­­portante para a vida da localidade acontece a 18 de Julho de 1872, trata-se da doação feita por José Maria dos Santos, à população de Pinhal Novo, de um terreno para a constru­ção de uma capela e para a realização dos festejos. A doação foi assinada por parte dos moradores, por António Domingos Macau e José Nogueira de Faria.
As obras de construçãoda igreja haviam sido iniciadas na véspera da assinatura do documento de doação e concluiram-se em 1874, celebrando-se a primeira missa no dia 2 de Fevereiro do mesmo ano.

José Maria dos Santos nasceu no dia 1 de Dezembro de 1831, filho de Caetano dos Santos e de Gertrudes Maria, que moravam em S. Sebastião da Pedreira.
Em Junho de 1860 José Maria, que contava então 28 anos, fazia parte da Direcção da Associação Central da Agricultura Portuguesa.
Foi deputado às cortes aos 37 anos e em Junho de 1887 assinava as contas de Gerência da Comissão Administrativa da Câmara dos Senho­res Deputados juntamente com Joaquim Pedro de Oliveira Martins. Foi o primeiro Vice-Presidente da Assistência Nacional aos Tuberculosos, tendo deixado enor­mes quantias de dinheiro a diversas institui­ções de qualidade.
José Maria dos Santos foi deputado por incontáveis mandatos e Par do Reino, desempenhou inúmeros cargos e foi fundador de várias associações. Revolucionou a agricultura em Portugal e foi o responsável pela introdução no País do adubo químico. Ao longo da sua notável carreira foram-lhe oferecidos numerosos títulos, invocando como razão a vulgaridade do seu nome, que facilmente podia ser confundido. A este argumen­to res­pondia sempre “José Maria dos Santos, filho do mestre Caetano, não há outro!”.

Faleceu a 19 de Junho de 1913, tendo o seu funeral contado com numerosíssima assistên­cia. O seu testamento repartiu pelos seus sobrinhos as suas imensas propriedades que fa­ziam dele um dos mais ricos homens do País.
As gentes do Pinhal Novo homenagearam o seu ilustre benfeitor, construindo-lhe uma estátua, que foi colocada no Largo que recebeu o seu nome.
Entretanto a povoação de Pinhal Novo ia evoluindo. Sinal dessa evolução foi a fundação da, actualmente assim designada, Sociedade Filarmónica União Agrícola no ano de 1896 e, em 1910, a criação do União Futebol Clube Pinhalnovense.
Em termos demográficos a população não es­ta­va ainda muito bem fornecida de gentes, pois que em 1911 contava apenas com 263 habitantes.
Resultado do esforço dos moradores da jo­vem povoação foi a construção do cemitério local, corria o ano de 1925, ainda sob a administração do concelho de Setúbal.
O ano de 1928 foi testemunha de um importantíssimo acontecimento na vida de Pinhal Novo e de todos os seus moradores, pelo Decreto-Lei nº 15 004 de 7 de Fevereiro, foi criada a freguesia de Pinhal Novo. Dez anos depois novo grande acontecimento entra na história da freguesia, a 8 de Maio de 1938 tem lugar, com a devida pompa e circuns­tância, a inauguração da luz eléctrica.
Em 1939 fica pronta a nova estação de cami­nho-de-ferro de Pinhal Novo.
O Círio Novo é criado em 1945, resultado da cisão do Círio da Carregueira. Este aconteci­mento é também sinal das grandes transformações que, entretanto, se foram dando na localidade e na região. O Clube Desportivo Pinhalnovense surge em 1948, em consequência da fusão do União Futebol Clube com a Sociedade Recreativa Literária e Musical, dita Rasga-a-Manta.
Um documento fundamental para a história e o conhecimento da evolução do povoamento da região é, ainda hoje, a comunicação apresentada pelo eminente geógrafo Orlando Ribeiro “As transformações do habitat e das culturas na região de Pinhal Novo (Portugal)”, ao XVI Congresso Internacional de Geografia de Lisboa, reeditado pela Junta de Fre­guesia, em 1998, na colecção Origens e Destinos.
A primeira escola primária de Pinhal Novo é inaugurada em 1950 em simultâneo como pos­to da Guarda Nacional Republicana e o Mercado Agrícola, a “Praça”. Os Bombeiros Vo­lun­tários de P. Novo surgem no ano de 1951.
Ao longo da evolução de P. Novo o cami­nho-de-ferro foi sendo a espinha dorsal da freguesia pois, assim como divide a po­voa­ção ao meio, une também o seu passado e o seu futuro. Refira-se que a população, inicialmente escassa, foi sofrendo acréscimos de população. Os “caramelos” vinham do pé da serra do Caramulo da Beira Lito­ral e do Vale do Mondego, os “ratinhos” da Beira e outros vindos do Alentejo. Mas o grande surto demográfico teve lugar entre 1970-1975, devido à fixação de população vinda do Alentejo e do Algarve. Após o 25 de Abril de 1974, com a subsequente consoli­dação do poder local, P. Novo conheceu importantes melhoramentos que contribuíram, efectivamente, para a melhoria das condições de vida da população pinhalnovense. Pinhal Novo foi elevado à categoria de Vila a 11 de Março de 1988.

*Adaptado de “Pinhal Novo um breve retrato”, de Aníbal de Sousa