O termo “caramelo” está relacionado com “caramuleiro” oriundo do Caramulo. Mas, ao certo ainda não sabemos realmente quem foram os primeiros habitantes destes sítios, nem de onde vieram ou quando. Muitas histórias se contam. Diz-se que a Sesmaria da Lagoa da Palha seria pertença de um Administrador Espanhol do tempo da ocupação Espanhola. Esta Sesmaria e a da Venda do Alcaide seriam habitadas por uns raros protegidos dos seus titulares. Trabalhavam na agricultura e seriam filhos de famílias desconhecidas, oriundos de terras longínquas. Sabemos que por aqui também passavam os Espanhóis, dirigidos à Moita do Ribatejo com as suas mercadorias destinadas a Lisboa, utilizando para o efeito uma estrada desde Badajoz, a qual ainda hoje é conhecida por “a estrada dos Espanhóis”, que passava por Águas de Moura, Pinheiro de Sete Cabeças, Areias Gordas, Palhota, Venda do Alcaide e Pinhal Novo (atualmente Rua Infante D. Henrique onde se situa a sede do Agrupamento de Escolas), onde se encontram as casas mais antigas da Vila. O caramelo, gente de princípios religiosos, foi-se fixando e crescendo, arroteando e cultivando os terrenos. Os seus contatos com os povos já existentes nos arredores, mais propriamente nos lugares da Carregueira e Lagoa da Palha levam-nos à necessidade de criar um Centro Sócio-Religioso. As primeiras manifestações organizadas por estas gentes acontecem por volta do ano de 1833, com o aparecimento do Círio da Carregueira, mas a grande força de imigração deu-se a partir de 1850. Os Caramelos, originários de uma zona profundamente religiosa, trouxeram vários hábitos e costumes, mas quando chegados a esta região rapidamente os abandonaram. Viviam num mundo à parte. Os rituais do casamento chegavam a prolongar-se por três dias. Ao princípio casavam entre si, mas depois os cruzamentos foram inevitáveis. A matança do porco é também motivo de festança, com jantarada, música e baile, em que confraternizavam os vizinhos. Os funerais também tinham o seu ritual próprio e até foram criadas Irmandades com corpos gerentes, associações que faziam os funerais. São conhecidas duas Irmandades: a Irmandade de S. José na Venda do Alcaide com capas brancas e a do Senhor dos Passos com capas rochas. Ambas foram extintas em 1970. A linguagem do Caramelo é bastante característica. O homem Caramelo é seco, rude, trabalhador. A mulher é anafada, de rosto corado, pele tisnada pelo sol e trabalhadora. É desconfiado, mas correto nas suas obrigações para com credores e benfeitores. Tem uma natural propensão para o negócio e, por natureza também é divertido, gostando de festas e Romarias. Diz-se acerca dos Caramelos: “… gente religiosa e respeitadora, cumpridora dos seus deveres “.
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